OS JACARÉS DE ESTIMAÇÃO
João caminhava feliz pela Rua das Nozes. Ia assobiando, até que parou diante da casa mais bonita de to das e tocou a campainha, pensando:
“Vou trabalhar como mordomo na casa do milionário mais rico da cidade. Estou tão contente!”
Quem veio abrir foi o próprio milionário. Perguntando se João tinha medo de animais, foi buscar os seus animaizinhos de estimação para lhe apresentar.
Eram jacarés! E João teria que cuidar deles.
A primeira tarefa de João era contar os jacarés. “Começamos só com o Jorge, mas agora já são tantos, que perdemos o número”, explicou o milionário.
João pegou papel e lápis e pôs-se a trabalhar.
João tinha pensado que aquilo ia ser fácil, mas os jacarés eram todos iguais e estavam espalhados pela casa. Ele nunca sabia quais os que já tinha contado e quais ainda não. E o pior é que os bichos não paravam; iam de um lado para outro, fazendo bagunça.
Volta e meia João tinha que parar de contar os jacarés para pôr as coisas em ordem — e perdia a conta!
Os jacarés faziam travessuras de todo tipo: além de puxar as toalhas das mesas, quebravam louças, derrubavam as cadeiras e as mesas. Os abajures e os vasos também se espatifavam no chio. Uma tremenda desordem!
Apesar de ser um rapaz persistente, João já estava ficando desesperado. Contava, contava, perdia a conta, começava outra vez, e nunca chegava ao fim daquilo!
De repente ouviu gritos da patroa:
“Socorro! Há dois jacarés na banheira!”
João correu para lá. Teve que tirar os jacarés e levá-los para tomar banho no tanque deles,
Mas, quando chegou lá, os dois bichões resolveram dar um banho em João!
Não adiantou João gritar por socorro. ajudá-lo, e ele teve que sair do tanque
Ninguém veio ajudá-lo, e ele teve que sair do tanque sozinho.
João ouviu os gritos da cozinheira e correu a ver o que estava acontecendo.
“Não bata nele com a vassoura!”, disse João.
“Para os dentes dele, vassoura é chiclete!”
A copeira, que era nova na casa, também estava aos gritos. João quis salvá-la, mas ela recusou.
Não preciso de ajuda. Vou embora já!
Mas quando a copeira chegou ao quarto para arrumar a mala, encontrou um jacaré dormindo em sua cama! E o bicho dormia de olhos abertos!
Quando acabou de convencer a copeira a ficar, João ouviu os gritos das senhoras que tomavam chá com a patroa. Jorge tinha comido a bolsa de uma delas!
Naquela mesma tarde a copeira resolveu abrir as janelas da sala para entrar um pouco de ar e esqueceu-se de fechá-las. Os jacarés estavam dormindo em seus tanques, muito sossegados da vida.
Os patrões tinham ido a uma festa. Quando voltaram, tarde da noite, estranharam o frio da sala.
“Esqueceram as janelas abertas, numa noite de inverno! Com certeza foi a copeira, que anda muito nervosa…”
Quando o patrão foi dar boa-noite a seus queridos animais de estimação, encontrou-os todos congelados!
“Pobrezinhos! Dormiam tão felizes em seus tanques… A água congelou e eles morreram de frio!”
“Será que estão mesmo mortos?”, perguntou a patroa.
O patrão tocou a campainha chamando João, e os dois juntos quebraram a camada de gelo que envolvia cada jacaré. Deu um trabalho porque os jacarés eram muitos, mas afinal conseguiram tirar o gelo de todos.
Mas o trabalho não terminou aí. Depois de quebrar todo aquele gelo, o patrão e o mordomo ainda carregaram os jacarés, um por um, para junto da lareira acesa! Os bichos eram pesados e difíceis de carregar, mas não havia outro jeito. Só o calor poderia reanimá-los.
Até a patroa e a cozinheira vieram ajudar. Trouxeram água quente e toalhas pata enrolar os jacarés, mas tudo parecia inútil: os bichos n voltavam à vida.
“Acho que chegamos tarde!”, exclamou o patrão, desconsolado com a perda de seus queridos bichinhos.
“Eu tinha me afeiçoado tanto a eles!”, disse João.
Como os jacarés não se reanimavam mesmo, todos foram dormir, muito tristes. Só a copeira ficou satisfeita.
Na manhã do dia seguinte, todos acordaram com um barulho já conhecido e correram para a sala.
“Eles estão vivos!”, exclamaram o patrão e a patroa. “Reanimaram-se durante a noite! Que bom!”
Todos ficaram felizes com o fato, que se puseram a cantar e a dançar. Só a copeira não gostou nada de ter jacarés andando pela casa outra vez, e foi embora.
“Estou tão contente em vê-los vivos novamente! “exclamou João” que não saberia mais trabalhar numa casa onde não houvesse jacarés de estimação!
Um Comentário a “OS JACARÉS DE ESTIMAÇÃO”
Ana Claudia
4 years ago
Muito bonitinha a historinha, faz lembrar minha infância.
Eu tinha vários livrinhos da série e ainda sei as musiquinhas, de tantas vezes que ouvi quando era criança…